O



Vulgo :
n substantivo masculino

a classe popular da sociedade; plebe, povo


Furo histórico.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008


    "A multidão se espremia diante da varanda , nem mesmo o céu acinzentado anunciando a chegada da chuva e a quase negativa temperatura de dezembro impedia que um grande público se fizesse presente, entre a multidão haviam idosos , trabalhadores , mulheres, ricos e pobres que após tantos anos presenciando passivamente a decadência social , ecônomica e moral prestigiavam a incrivel ascensão e talvez o que fosse uma ultima esperança de salvação do país, haviam os jovens , que pela primeira vez puderam ver o que realmente era ser nacionalista , pela primeira vez sentiram orgulho de sua nação , entre as pernas de um e outros espremiam-se crianças , quase sendo pisoteadas , lutando por espaço entre os adultos , mesmo sem saber ao certo o que se passava , presentiam que era algo importante.
   A chuva começou a cair , gotas finas e pesadas como agulhas , mas a multidão tão pouco se importaram , ao menos a sentiram... "Ele esta demorando" ... era uma festa bonita de se ver , havia tempo que o povo esperava por tal oportunidade , por nada abandonariam seu posto , suas bandeirolas e seus hinos... a quatro anos atrás ninguém compareceria , talvez uma meia dúzia de manifestantes , nada mais que isso ... quatro anos esperando .... quatro ? Não ! quatorze talvez , quinze...  "Ele realmente esta demorando"... o vento soprava , as árvores que rodeavam a praça central se recurvavam , os pingos de chuva aceleraram e a ânsia da multidão aumentava... um choro de criança brotou entre a multidão , seria irresponsabilidade manter um filho sob a forte chuva , mas seria mais irresponsabilidade ainda não comparecer ao ultimo pronunciamento do ano ... "Será que ele não virá ?" , as crianças se escondiam debaixo dos casacos , as senhoras tentavam se proteger - em vão - com os guarda-chuvas , os trabalhadores continuavam a gritar , não tinham do que reclamar ; a maioria , antes desempregados e passando fome , hoje tinham um bom trabalho ; dos 6 milhões de desempregados hoje restam apenas 1 milhão... as classes mais ricas também estavam presentes , a industria nacional nunca tinha crescido tanto , os lucros praticamente quadruplicaram... e a inflação sumiu... "Ele não virá".... todos o amavam , da total destruição ele transformou a nação em uma potência mundial , teve a coragem de enfrentar os inimigos que a tanto tempo os impediam de crescer , e em troca teve o apoio de nove a cada dez pessoas , onde sua liderança foi reforçada...
  A pequena porta da varanda se abriu .... o silêncio tomou conta do povo , "Sim ! é ele !" , a alguns metros sobre a multidão , ao centro da varanda estava o homem a qual todos aguardavam , parecia que o mundo iria desabar , muitos gritavam e berravam , outros cantavam e tremulavam as bandeiras vermelhas , outros ainda caiam no pranto , outros simplesmente ficaram boqueaberto e não conseguiram fazer nenhuma reação , o homem olhou fixamente para a platéia e erguei seu braço direito.
  No mesmo instante a platéia repete rigorosamente o movimento e um uníssono grito ecoa na praça:
   -Heil Hitler !."

  É um consenso comum atribuir toda a responsabilidade do nazismo aos desvaneios de Hitler , como um fato isolado : um maluco qualquer tomou o poder , criou uma ditadura e saiu matando aleatóriamente para sustentar seu ego ou seus problemas mentáis .... o que é uma inverdade , além de ser muito perigoso.
  
  Além da culpa não ser unicamente de Hitler , pois teve amplo apoio populacional , chegando a ganhar um plebiscito em 90% de aprovação , a culpa não era de desvaneios , muito menos era um fato isolado ... o quadro de desemprego , inflação , decadência econômica política e social e principalmente um orgulho ferido pela perda de 1ª Guerra Mundial e das sanções  imposta à Alemanha , favoreceram ao surgimento e ascenção de grupos radicais nacionalistas , que uniram a vontade de ascensão , o orgulho ferido e a fragilidade do povo para criar um verdadeiro império refletindo todos os desejos e ambições populares .

  Uma prova que o fato não é isolado é o surgimento de outras ditaduras parecidas na mesma época , além de revoltas ocasionadas pela crise que vivia a Europa... e o fato pode ocorrer novamente : um império perdendo terreno diplomatico , perdendo poder econômico , perdendo a elite nacional , sendo inundado por imigrantes  , perdendo a cultura original... sobrando poder bélico e nacionalismo ufanista ... uma ótima fórmula para surgimento de novos regimes xenofóbicos e militares. (parece familiar ?)

  Enquanto um império ditatorial pode estar se formando os orgãos da mídia e o própio governo restringem o debate sobre o Nazismo , sobre seu nascimento e suas ações .... basta falar em "nazismo" e milhares de pessoas após fazerem o sinal da cruz lhe taxam de "nazista" , "racista" e piores...  o entendimento e o debate do tema é de suma importancia para se evitar que tais erros ocorram novamentes , mas me parece que essa parte da história foi simplesmente retirada e jogada fora... ninguém mais lembra ....  e os erros e massacres entraram todos para conta de Hitler ... um furo histórico

  Devemos aprender com o passado para acertar no futuro , a política de silêncio não pode mais continuar , ainda mais agora que a crise mundial bate a porta... 

A crise ideológica.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

  Em meio a uma das maiores crises ja ocorridas no mundo , muitos diagnósticos são lançados todos os dias por economistas e entendidos da área ,  dizem que é uma crise econômica (uma meia-verdade ao meu ver , já que o capital não diminuiu -ainda- , nem a produção.) dizem que é uma crise especulativa ou ainda uma crise de falta de confiança já que o capital privado não se arrisca a fazer investimentos em períodos turbulentos , não que tais diagnósticos estejam incorretos , mas o que poucos , ou nínguem diz , é que acima de tudo é uma crise ideológica.

 O começo dessa crise não foi quando o subprime não conseguiu pagar as hipotecas ou quando os bancos financiadores não conseguiram pagar os demais bancos , dizem que o começo da crise tem sua causa graças ao crédito demasiadamente grande e a falta de fiscalização e regras mais rigidas no mercado , mas ao meu ver o começo da crise vem de muito tempo atrás . Uma das principais regras do capitalismo é que o capital tem que circular para gerar lucro , é isso que o mercado visa , a circulação do capital em forma de mercadoria , e para incentivar a compra uma ideologia pós guerra-fria é implantada na sociedade: o status e a felicidade capital , o consumismo.

  A compra e o consumo deixaram de ser usados quando necessários e passaram a ser a própia necessidade de sobrevivência , sua felicidade e seu status é medido pela quantidade de produtos que possue ou consome: "COMPRE COMPRE COMPRE !" esse é o lema da ideologia globalizada e consumista do século XXI , que foi martelada dentro da cabeça da população em forma de marketing e propagandas e passivamente aceita... tendo um amplo mercado alienadamente consumidor , o qual compra produtos muitas vezes fúteis e pelo mero prazer da compra , a produção aumentou , aumentando também o emprego e ascendendo a econômia capitalista.

  Porém a selvageria consumista fizeram a população , principalmente a camada mais baixa e de baixo potencial de compra, comprarem aquilo ao qual não tinham dinheiro para pagar ,que aliado com a ganância de capitalistas , que cederam créditos altíssimos , e ao governo liberalista que permitiu o uso de tal créditos geraram um quadro de "bolha" , o preço das hipotécas aumentava pois a procura era maior , o setor imobiliário faturava mais , os bancos faturavam mais , porém a classe baixa não faturou... a bolha explodiu: a dívida adquirida não foi paga ... os bancos deixaram de faturar e viraram devedores de outros bancos , o setor imobilíario deixou de faturar , os acionistas especuladores retiraram o dinheiro rapidamente , as ações perderam o valor , e criou-se um rombo gigantesco , que agora , jogando o neo-liberalismo de lado, o governo tenta cobrir com dinheiro público, comprando as ações as quais o capital privado rejeita .

  A ascensão econômica gerada pelo consumismo ficou concentrada nos bolsos de especuladores , a crise também gerada por ela foi cobrada da população , mesmo destino deverá tomar o dinheiro injetado pelo governo caso mudanças não sejam feitas , mudanças essas que espero que não sejam apenas econômicas , mas sim ideológicas , o consumismo que fez a felicidade de famílias tempos atrás hoje trás apenas a felicidade aos especuladores , deixando as camadas mais baixas individadas... está na hora de mudanças , o povo não pode mais se deixar iludir por falsas felicidades , a felicidade nunca poderá ser comprada ! além do fim do neo-liberalismo temos que decretar o fim do consumismo !


  

 
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